Entrevista com a psicóloga Flávia Zagroba
Você, muitas vezes, pode ter parado e questionado sobre o seu potencial. Será que consigo fazer? Será que sou capaz? Antes de dar aquele passo importante, a mente fica cheia de questionamentos. O que muitos não param e pensam é que não existe uma receita igual à de “bolo” para realizar e fazer acontecer. Entretanto, acreditar em si mesmo não é uma questão de orgulho, mas de dignidade. Agarrar diariamente a autoconfiança, deixar de ter medo de cometer erros e conseguir levantar quantas vezes forem necessárias é acreditar no seu potencial e saber que você merece o melhor.
Para falar sobre assunto e entender melhor como a mente se desenvolve, selecionamos algumas perguntas e convidamos a psicóloga Flávia Zagroba para respondê-las. Ela, que é formada em psicologia desde 2002 pela Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul, atua como psicoterapeuta há 19 anos.
1. O ser humano tem muita dificuldade em confiar nas suas próprias capacidades. Por que isso acontece?
R: Não existe uma causa única, mas é bem comum encontrarmos adultos que não confiam ou não se apropriam das suas capacidades, porque não foram validados durante seu período de infância e adolescência. Não tiveram uma confirmação de seus pontos fortes e, por conta desta ausência de construção de uma autoimagem positiva, não conseguem se validar. Podemos citar aqui a Síndrome do Impostor, onde as pessoas se sentem uma farsa, não conseguem perceber seu real valor e sentem que poderão ser descobertas a qualquer momento. E serão descobertas no quê? Nos seus pontos fracos, nas suas vulnerabilidades. Quem apresenta dificuldade em confiar em si mesmo, tem uma exigência de perfeição muito alta e acaba tendo dificuldade em lidar com as polaridades, luz e sombra, que todos nós possuímos.
2. Se você não fizer, ninguém fará por você. Como podemos despertar nas pessoas a arte de acreditar nelas mesmas e também o exercício da vontade?
R: O despertar da autoconfiança passa por um processo de autoconhecimento. Somente entendendo o que me faz sentir que não tenho valor, que não sou bom o suficiente, consigo ressignificar minha autoimagem. E realmente se você não fizer, ninguém fará por você. Quem pode nos representar na conquista de nossos sonhos, objetivos e metas? Somente eu posso fazer o esforço e o movimento necessário para alcançar o que quero.
3. A forma como os pais criam seus filhos influenciam na autoestima da criança e no adulto que ele se tornará? Explique. R: Influencia diretamente. Nossos pais ou cuidadores são nossos primeiros exemplos de liderança e da verdade sobre nós mesmos. É através dos olhos de nossos pais que recebemos os primeiros significados de quem somos e como somos. Sabe aqueles comentários corriqueiros: “O fulano é igual ao tio, teimoso”; “A fulana é muito parecida com a mãe, tem o mesmo temperamento”. Através destas vivências as crianças vão construindo sua autoimagem. Muitas vezes, nossos pais percebem a semelhança que temos com outros familiares e retratam, mas em outros momentos eles podem estar vendo em nós as projeções ou sombras de sua própria criança. Nós que somos pais precisamos prestar atenção nisso com frequência, para não colocarmos pesos e rótulos desnecessários em nossos filhos.
4. Quando passamos por frustrações, a vontade que temos é de passar uma borracha em tudo e virar a página, mas isso não é nada fácil. Como podemos dar o primeiro passo para que tudo ao nosso redor se torne mais leve?
R: Sim, realmente temos vontade de apagar. Hoje percebo o quanto queremos não sentir, e tentamos fugir de algum jeito de nossas emoções, só que elas voltam quando não são trabalhadas. E na minha experiência profissional e pessoal, a forma mais saudável de lidar com as frustrações é começar olhando a realidade como ela é sem negar o que vemos e sentimos. O segundo passo é decidir fazer algo com o que está acontecendo, saindo da lamentação e indo para a solução. O terceiro passo é agir na direção do que preciso.
5. No mundo que vivemos hoje, em torno das redes sociais, existe o comparativo e a busca pelo perfeito, levando muitas pessoas a querer ser o outro, a ter o que o outro tem. Como podemos ensinar os filhos e a nós mesmos sobre como não perder a essência e não deixar para trás os valores, as paixões e a nossa própria identidade diante desse mundo virtual?
R: Costumo dizer que tudo que vemos nas redes sociais são retratos de um álbum, um recorte de um dia, uma amostra das férias, não é o todo. Como também não mostramos nosso todo, mostramos uma parte. Quando estamos fragilizados emocionalmente, esses recortes nos invadem e criam cenários de comparações, inveja e tristeza. Para não perdermos nossa essência é necessário estarmos fortes emocionalmente, focarmos em nosso desenvolvimento, entender nossas sombras, porque, desta maneira, não só o que vemos nas redes sociais, mas também o que ouvimos, não nos invadirão e causarão malefícios.
Jornada Despertar Flávia está desenvolvendo o projeto Jornada Despertar, que é um programa de autoconhecimento pessoal que tem o objetivo de despertar o olhar para as questões que impedem de realizar seus desejos e sonhos. Ela conta que durante toda a jornada trabalha para que o participante consiga resgatar a força que existe dentro dele. Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas através do instagram @flaviazagroba.