Preocupação excessiva e passar o dia deprimido são sinais de que algo não está bem e podem ser sintomas de ansiedade e depressão.
É importante estar atento quando a pessoa desenvolve irritabilidade que esteja prejudicando as relações com os colegas e familiares, dificuldades para dormir, ausência de apetite, vontade de ficar sozinho, desinteresse de cuidar da aparência e passa o dia deprimida, pois esses são alguns sinais de que algo não está bem e podem ser sintomas de transtorno de ansiedade e depressão.
Segundo a psicóloga Flávia Zagroba, a ansiedade “normal” é uma excitação, uma energia que movimenta as pessoas para algo, como quando o indivíduo marca um encontro amoroso em que dá aquele “frio na barriga” ou em momentos antes de uma entrevista de um emprego que é almejado. Esse tipo de ansiedade, que se manifesta nas horas que antecedem algum acontecimento desejável, é normal sentir, pois funciona como um sinal que prepara o indivíduo para enfrentar a mudança ou o novo. Tanto a ansiedade quanto o medo são mecanismos de sobrevivência e autoproteção do ser humano.
Entretanto, a ansiedade é saudável até certo ponto. Quando é de forma exagerada, pode tornar-se um transtorno, causando os quadros de ansiedade, que se transformam em uma preocupação excessiva ou em uma expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle, que pode durar meses. Com isso, a pessoa desenvolve alguns sintomas, como: palpitação no coração ou taquicardia, sensação de falta de ar ou sufocamento, desconforto no peito, suor excessivo, boca seca, mãos geladas, tonturas, sensação de desmaio, tremores ou desconforto abdominal, levando o indivíduo a buscar ajuda médica para tratar essas sintomatologias, mas os resultados dos exames acabam sendo bons. Outros sintomas que podem surgir são: medo excessivo, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e insônia.
A psicóloga explica que na depressão os sintomas estão relacionados às alterações significativas de humor, caracterizado pelo comprometimento do ânimo, da disposição, apresentando humor deprimido na maior parte do tempo. Entretanto, é importante diferenciá-la da tristeza transitória, que é passageira e ocorre por acontecimentos difíceis e desagradáveis, que são superados. Já na depressão a pessoa fica deprimida praticamente o tempo todo, perdendo o prazer de realizar pequenas atividades diárias, como fazer a barba, tomar banho. Além disso, sofre alterações no apetite, percebe alteração no sono, tem sentimento de culpa, dificuldade de se concentrar, cansaço, fadiga, pensamentos negativos e uma sensação de que tudo é muito difícil.
Várias pessoas questionam se é possível ter depressão e transtorno de ansiedade juntos. Flávia conta que sim, por exemplo: em quadros depressivos que não são tratados adequadamente, a falta de ânimo pode gerar uma angústia exagerada, em que a ansiedade se manifesta. Outra situação é quando a pessoa ansiosa vive com uma ou mais preocupações excessivas, gerando medos irracionais, fazendo com que sua mente não pare de pensar, não conseguindo relaxar; ela pode ficar melancólica, sentir-se inferior e com baixa autoestima, desenvolvendo um quadro deprimido. Quando o psicólogo identifica que a tristeza ou as alterações de humor, bem como a ansiedade, estão comprometendo a rotina do paciente, impossibilitando que realize suas atividades do dia a dia, recomenda-se uma avaliação médica, que vai considerar exames de rotina, histórico de vida da pessoa e o quadro clínico atual.
Em casos agravados de depressão e ansiedade, é necessário tratamento medicamentoso, com o psiquiatra, com o objetivo de tirar o indivíduo da crise.
Flávia recomenda que as pessoas fiquem atentas aos sinais supracitados. Se observarem algum colega de trabalho, um parente no ambiente familiar ou a professora da escola relatar um comportamento diferente de uma criança e/ou adolescente, buscar entender e procurar ajuda profissional especializada.
A psicóloga acrescenta que o papel da psicoterapia é restabelecer a saúde emocional, que reflete diretamente na saúde física, levando o paciente a entender quem ele é e identificar o que o está incomodando. Ainda dentro do tratamento, o psicólogo acessa o mundo particular de cada um e consegue chegar a um “ponto de luz” de ampliação de consciência, para que a pessoa veja que ela tem outras formas de viver, ou seja, existem possibilidades de solução. “Esse processo só é possível porque nós trabalhamos os traumas, vivências negativas e impossibilidades que até então estavam deixando essa pessoa travada, impedindo-a de dar o próximo passo. É importante destacar que estamos no mês de prevenção ao suicídio, e estar atento aos sinais da depressão é fundamental para prevenir possíveis tentativas”, conclui.