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Família

Autismo: compreendendo o espectro e o papel da fonoaudiologia na comunicação infantil

Cada paciente autista se relaciona de forma única com a sociedade, apresentando diferentes habilidades e desafios, e a fonoaudiologia é a porta para ajudar a superar esses obstáculos.

Tubarão-SC, 29/05/2025 20h53 | Atualizada em 29/05/2025 21h50 | Por: Jornalista Francine Germano de Andrade | Fonte: Fonoaudióloga Bianca Nunes de Pieri
Para a fonoaudióloga, o envolvimento da família é uma peça-chave na jornada de desenvolvimento.

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que compõe um espectro, o que significa que cada pessoa autista é única, apresentando diferentes habilidades, desafios e formas de se relacionar com o mundo. Essa diversidade é fundamental e deve ser reconhecida, pois nenhum autista é igual ao outro. Durante a entrevista com a fonoaudióloga Bianca Nunes de Pieri, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foram esclarecidos pontos essenciais sobre o autismo, seu diagnóstico, o desenvolvimento da fala e o papel da fonoaudiologia nesse processo.

Diagnóstico e características do autismo

Bianca Nunes de Pieri destaca que o diagnóstico do autismo é baseado em critérios específicos, independentemente de como a pessoa se manifesta na sociedade ou das dificuldades que apresenta. Ela explica que as diferenças observadas estão relacionadas a questões neurais, ou seja, ao funcionamento do cérebro. Assim, o cuidado na avaliação é fundamental para compreender a singularidade de cada caso e planejar intervenções adequadas.

A profissional, que atende diariamente crianças de 0 a 13 anos em seu consultório em Tubarão, enfatiza que o diagnóstico precoce é crucial. Ela reforça que o atraso na fala, por exemplo, não significa automaticamente autismo, mas é um sinal de alerta que deve ser investigado por profissionais especializados. As crianças começam geralmente a emitir suas primeiras palavras por volta de um ano; com um ano e meio, o vocabulário aumenta e, com dois anos, espera-se que elas já tenham muitas palavrinhas. A ausência de fala nesse período pode indicar a necessidade de acompanhamento fonoaudiológico para estimular o desenvolvimento da comunicação.

A importância da fonoaudiologia na comunicação autista

Um dos principais desafios enfrentados por crianças autistas é a dificuldade na linguagem e na socialização. Bianca explica que a intervenção fonoaudiológica visa estabelecer uma conexão entre a criança e o mundo ao seu redor, ajudando-a a desenvolver habilidades de comunicação funcional. Para isso, ela destaca a importância de trabalhar os pré-requisitos da fala, como imitação, contato visual e compreensão de comandos simples, de forma gradual e lúdica. Ela compara a construção da fala à edificação de uma casa: “A fala é como o telhado, mas, antes dela, precisamos construir a base, que inclui o desenvolvimento da atenção, do olhar e da interação,” diz. Somente após fortalecer esses fundamentos é possível avançar para uma linguagem com sentido e objetivo comunicativo.

Formas de comunicação e adaptações

A comunicação com crianças autistas deve ser individualizada e funcional. A fonoaudióloga reforça que não há uma regra única e que é importante adaptar a abordagem às dificuldades de cada criança. Algumas podem ter dificuldades em manter contato visual, outras podem responder lentamente ou de forma diferente às perguntas. Assim, o profissional deve orientar os cuidadores a ajustarem suas expectativas e estratégias, promovendo um ambiente de aceitação e estímulo.

Sinais de desenvolvimento e intervenção precoce

A profissional orienta que, ao observar sinais como a ausência de palavras por volta do primeiro ou segundo ano de vida, os pais devem procurar um profissional de fonoaudiologia sem esperar o diagnóstico de autismo. A intervenção precoce é essencial para potencializar o desenvolvimento da fala e da comunicação, aumentando as chances de autonomia futura.

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Desafios e perspectivas de comunicação

O trabalho com crianças autistas envolve desafios, mas também possibilidades de avanços significativos. Bianca conta que alguns de seus pacientes, mesmo com dificuldades de fala, conseguem se comunicar por meio de recursos alternativos, como tablets e sistemas de comunicação aumentativa. Ela explica que o perfil neurológico de cada criança determina o potencial de desenvolvimento e que o estímulo constante é fundamental, embora não garanta resultados imediatos ou certos.

O papel da família e da escola

Para a fonoaudióloga, o envolvimento da família é uma peça-chave na jornada de desenvolvimento. Ela orienta que os pais adotem pequenas ações diárias, com paciência e dedicação, para criar oportunidades de estímulo. Além disso, o trabalho em equipe com professores e profissionais da escola é indispensável. Ela ressalta que a inclusão escolar e a adaptação curricular são essenciais para que a criança autista possa participar de atividades, socializar e evoluir no ambiente escolar.

Autonomia e vida adulta

Embora alguns autistas alcancem a fala e a independência, outros continuarão a precisar de suporte ao longo da vida. Bianca explica que o objetivo da intervenção é promover a autonomia, respeitando as limitações individuais. Na vida adulta, a compreensão de suas próprias dificuldades e limites ajuda o autista a se adaptar socialmente, a estabelecer limites e a buscar uma melhor qualidade de vida.

Benefícios da fonoaudiologia

A atuação da fonoaudiologia vai além da fala: ela trabalha a linguagem receptiva (como a criança processa e compreende as informações) e a linguagem expressiva (como ela se comunica). A profissional destaca que o trabalho é realizado de forma lúdica, com a participação das famílias, e sempre voltado ao desenvolvimento da comunicação eficaz e à autonomia do indivíduo.

 

O autismo é uma condição complexa e multifacetada que exige uma abordagem individualizada e multidisciplinar. O papel da fonoaudiologia é fundamental para ajudar as crianças autistas a desenvolver suas habilidades de comunicação, promovendo maior autonomia e inclusão social. Com intervenções precoces, estímulos adequados e apoio da família e da escola, é possível transformar desafios em possibilidades de crescimento e convivência plena. Para os pais e responsáveis, a recomendação é ficar atentos aos sinais de desenvolvimento e buscar ajuda especializada assim que necessário, pois o diagnóstico precoce faz toda a diferença no percurso de vida da criança.

 

 

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