Especialista alerta sobre sinais, causas e formas de prevenção de uma condição que pode afetar até 80% da população.
A saúde bucal vai muito além de dentes brancos e gengivas saudáveis. Uma condição pouco conhecida, mas cada vez mais diagnosticada pelos dentistas, é a síndrome do envelhecimento precoce bucal. O tema foi abordado pela dentista doutora Júlia Lorenzoni, especialista em endodontia e ortodontia invisível, que atende em Laguna e também na clínica Le Sens Saúde Integrada, em Tubarão.
Segundo a profissional, a síndrome ocorre quando os dentes apresentam sinais de envelhecimento que não correspondem à idade cronológica do paciente. “É como se uma pessoa de 30 anos tivesse dentes que aparentam 70”, explica.
Principais causas
Conforme a dentista, o problema é multifatorial e reflete muito do estilo de vida atual. Entre os fatores de maior impacto estão:
• estresse e ansiedade, que aumentaram significativamente no período pós-pandemia;
• bruxismo e apertamento dental, muitas vezes inconscientes e presentes tanto durante o sono quanto em atividades físicas;
• alimentação ácida, comum em quem busca uma vida fitness, que pode desgastar o esmalte dental e causar danos irreversíveis.
Sinais de alerta
Alguns indícios podem ser observados em casa, diante do espelho. Entre eles:
• retração gengival (a “subida” ou “descida” da gengiva em alguns dentes);
• língua marcada, indicando apertamento dental;
• fraturas frequentes ou restaurações que se soltam com facilidade;
• hipersensibilidade, geralmente mascarada pelo uso indiscriminado de cremes dentais dessensibilizantes.
“Quando a estética já está comprometida, significa que a síndrome chegou a um estágio avançado. Por isso, a detecção precoce é fundamental”, alerta Lorenzoni.
Prevenção e acompanhamento
Ao contrário de doenças como a cárie, não existe um tratamento que “cure” o envelhecimento precoce bucal. O paciente precisa de acompanhamento contínuo ao longo da vida, com consultas regulares ao dentista para orientações, ajustes e uso de ferramentas de proteção, como placas de mordida ou protetores bucais para quem pratica esportes.
A dentista também chama a atenção para a busca excessiva por soluções estéticas rápidas, como as lentes de contato dental. Embora não seja contra o procedimento, ressalta a importância de escolher um profissional capacitado e de avaliar cada caso individualmente. “Se o paciente tem bruxismo, por exemplo, precisa usar placa de proteção, senão as lentes podem se quebrar com facilidade”, explica.
Um desafio silencioso
Por ser multifatorial, a síndrome pode afetar qualquer faixa etária. Até mesmo pessoas com boa higiene bucal podem desenvolvê-la, já que não está ligada diretamente à falta de cuidados básicos, mas sim ao estilo de vida.
“Hoje, eu diria que até 80% da população apresenta algum grau da síndrome do envelhecimento precoce bucal”, afirma Lorenzoni. Para ela, a principal recomendação é clara: não esperar sentir dor ou ver sinais visíveis para procurar um dentista.
“Você precisa ir ao dentista sem precisar dele, para que no futuro não precise de tratamentos mais complexos”, resume a especialista.
Saúde que começa pela boca
A doutora Júlia Lorenzoni reforça que a saúde bucal está diretamente ligada à saúde geral do corpo. Cuidar da prevenção, manter consultas regulares e buscar orientação profissional de confiança são os caminhos para evitar que os dentes envelheçam antes da hora.
Quer saber mais? Clique no link do vídeo abaixo e assista à entrevista na íntegra realizada com a Dra. Júlia Lorenzoni Endodontista | Ortodontista CRO/SC 10.811