Segundo especialista o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que pode aparecer ainda na infância e acompanhar a pessoa por toda a vida.
Dificuldade de se concentrar em tarefas, controlar a atenção, concluir projetos e ter impulsividade são algumas das características das pessoas que têm transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). O diagnóstico e o tratamento precoce podem ajudar a promover mais qualidade de vida para criança, adolescente e adulto, seja nos relacionamentos da escola ou no trabalho e na execução das atividades no dia a dia.
De acordo com a psicóloga, Renata Ferreira, o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que pode aparecer ainda na infância e acompanhar a pessoa por toda a vida.
O indivíduo que tem essa patologia pode ter limitações para estudar ou trabalhar e, com isso, levar ao desenvolvimento de estresse, ansiedade e até mesmo depressão.
É possível observar tanto em crianças, quanto em adolescentes e adultos, certa inquietude, distração com facilidade e atitudes por impulso. Mesmo que na infância algumas dessas características são normais, ou seja, o menino e a menina tenham distrações e impulsividade, nas pessoas que têm o transtorno as características são mais duradouras.
Conhecendo os tipos de TDAH
Renata conta que existe mais de um tipo de TDAH e assim se apresentam: predominantemente hiperativo e impulsivo; predominantemente desatento e o tipo misto. O primeiro, o paciente sente necessidade de se movimentar constantemente e é inquieto, tendo dificuldade de permanecer sentado. Em conversas em grupo, costuma falar muito, interromper as conversas e completar as frases do interlocutor antes mesmo que ele termine seu raciocínio. Já o segundo tipo comete erros por descuido, pois tem dificuldade em manter a atenção, seguir instruções detalhadas e organizar tarefas. Ainda pode ter prejuízo no trabalho, se distraindo facilmente com estímulos externos e perdendo coisas constantemente. No TDAH misto, a pessoa manifesta os sintomas tanto de déficit de atenção, quanto a de impulsividade e hiperatividade. Esse tipo de TDAH se dá pela junção dos dois grupos característicos do transtorno.
Como identificar o TDAH
O diagnóstico na infância pode ser feito quando a criança está estudando na fase da educação infantil ou no ensino fundamental. Entretanto, algumas somente são percebidas na adolescência ou até mesmo quando adultas. A psicóloga explica que o diagnóstico em alguns casos pode ser difícil, pois não existe um exame ou teste para detectar o TDAH, ele é 100% clínico.
O que pode contribuir são as perguntas feitas aos pais para conhecer os padrões de comportamento da criança, além de observação e também conversando com membros da família, cuidadores e professores. Para os adultos, o diagnóstico é feito através da conversa em consultório com a participação de algum familiar mais próximo.
Formas de Tratamento
Depois que conhecer o tipo de TDAH que o paciente tem, entra-se com o tratamento, onde o indivíduo pode precisar passar por uma avaliação psiquiátrica para avaliar a necessidade ou não de uso de medicamentos. Renata esclarece que o tratamento geralmente é multidisciplinar. Podem ser adotadas algumas abordagens para ajudar o paciente a controlar os sintomas, sendo essencial considerar as características e necessidades de cada pessoa. Através da terapia comportamental é possível ajudar o indivíduo a desenvolver ou aprimorar habilidades, como construir e manter relacionamentos, estabelecer e seguir regras, planejar e completar tarefas, desenvolver e acompanhar um cronograma, monitorar os sintomas e entre outras.
Com as crianças, o psicólogo pode trabalhar junto com os pais para desenvolver métodos construtivos que podem responder aos comportamentos desafiadores, causados pelo transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em seus filhos. A especialista acrescenta que a terapia cognitiva comportamental busca ajudar o paciente a encontrar novas formas de abordar e reagir em situações rotineiras. Entre as estratégias utilizadas que apresentam os melhores resultados, incluem o controle de estímulo, “quebra” das tarefas em pequenos períodos, de maneira a torná-los compatíveis com as formas que a criança consegue manter a concentração.
Promover qualidade de vida
Renata explica que, para conviver com qualquer pessoa, em primeiro lugar, é preciso respeitar a individualidade de cada um. “Quando perceber que seu amigo está se comportando de forma diferente, em vez de criticá-lo, procure entender o que se passa e se mostre solidário, ajudando a enfrentar seus desafios e dificuldades, próprios do transtorno”, diz.
Para as pessoas que têm o TDAH é importante a aceitação e a busca de ajuda. A motivação em iniciar o acompanhamento psicológico é fundamental. Outros comportamentos que podem contribuir é a prática de exercícios físicos. Com esse hábito é possível acalmar a mente, gastar energia e ter qualidade de sono. Vale ressaltar que dormir pouco, pode aumentar os sintomas. “Sempre tentar usar uma agenda, bloco de notas e fazer uma lista de seus compromissos. Faça o que deve ser feito na hora, para evitar o esquecimento, procrastinação e desordem”, orienta. Outra dica da psicóloga é usar um relógio. Pode ser de pulso, celular ou do computador, desde que esteja sempre aos olhos. Quando iniciar uma atividade, fale em voz alta ou anote o horário, além de definir uma quantidade de tempo para a mesma. É importante destacar que o diagnóstico precoce, pode melhorar a qualidade de vida da criança, adolescente ou do adulto. Renata recomenda que não deixe de procurar ajuda, desde a investigação médica e a terapia com o psicólogo. “Vidas podem ser transformadas através do cuidado com a mente” conclui.