O preparo pré-anestésico garante a segurança do paciente e bem-estar em cirurgia, pequenos procedimentos e alguns exames.
Atualmente a maior parte dos procedimentos cirúrgicos podem ser realizados devido à criação da anestesia, pois sem ela, muitos não teriam como fazer. A grande maioria dos pacientes ainda tem medo dela, mas é este preparo pré-anestésico que garante a sua segurança e bem-estar em cirurgia, pequenos procedimentos e alguns exames.
A anestesia foi criada oficialmente em 1846. Antes da sua existência, os procedimentos necessários para manter a vida dos pacientes eram feitos com muita dor e a maior parte das pessoas não resistiam.
Quando o paciente chega para fazer uma cirurgia ou para realizar um exame sob sedação, o primeiro desejo dele é ter seu caso solucionado e o segundo, não menos importante, é que tudo aconteça com maior segurança possível. O objetivo da anestesia é este, de proporcionar segurança, além de tirar a dor.
Doutor Jean Abreu Machado, médico anestesiologista da Narcoclínica, explica que diferente de um sono, quando podemos despertar com estímulo sonoro ou toque, o conceito básico de anestesia geral compreende um estado de hipnose, sedação, relaxamento muscular e ausência de dor. Existem as anestesias locais ou regionais, onde apenas uma parte do corpo é anestesiado e o paciente não perde a consciência, ou seja, se não for sedado, fica acordado. Um exemplo disso é quando a pessoa vai fazer um procedimento com o cirurgião dentista no consultório.
Conheça os tipos de anestesias
Dentro da anestesiologia há vários tipos de anestesia, entre elas, a geral que é conhecida popularmente como “anestesia no corpo todo”. Outro tipo é a sedação, onde o paciente pode ficar desde acordado, mas sem ansiedade, a até dormindo. Também existe a anestesia locorregional que são as locais (no local do procedimento); a raquianestesia e anestesia peridural, estas muito utilizadas em parto por cesariana. Também tem a anestesia dos plexos, estas são realizadas apenas em um membro, por exemplo, um braço ou uma perna e a anestesia dos nervos. A anestesia pode ser realizada com uma ou com a combinação dessas técnicas para o mesmo procedimento cirúrgico.
O anestesiologista diz que a indicação da anestesia é baseada no tipo de procedimento, duração e condição clínica do paciente. Uma dúvida muito comum no consultório é referente ao tempo de duração. “Poucas pessoas sabem que a anestesia pode durar quanto tempo for necessário. Sempre exemplifico com a anestesia geral que é administrada de forma contínua e é “parada” só após o final do procedimento. Com a anestesia locorregional isso também pode ser feito”, afirma.
Conduta médica do anestesiologista
O trabalho do anestesiologista geralmente começa na consulta pré-anestésica, que se trata de uma avaliação clínica do paciente, da qual acontece antes do procedimento ou cirurgia. Doutor Jean conta que é comum estes profissionais trabalharem em grupo pela característica da especialidade, por isso que alguns anestesiologistas estão no consultório realizando atendimento e outros estão no centro cirúrgico executando a anestesia. Lembrando que todas as informações relatadas pelo paciente em consultório são repassadas para a equipe.
Toda a conduta da anestesia é realizada com segurança, onde o médico anestesiologista vai acompanhar todos os sinais vitais do paciente como: batimento cardíaco, respiração, pressão arterial, temperatura, saturação de oxigênio, quantidade de gás carbônico no sangue entre outros. No final do procedimento o cuidado segue na sala de recuperação pós-anestésica, onde também são controlados alguns sintomas como dor, náuseas e vômitos, caso eles ocorram. O paciente receberá a liberação depois que maior parte do efeito da anestesia for eliminado do corpo e os sinais vitais e sintomas, estiverem controlados.
Além das cirurgias realizadas dentro do centro cirúrgico, o anestesiologista é requisitado para analgesia de parto no centro obstétrico, realização de exames com sedação, tratamento de dor aguda, de dor crônica e medicina paliativa. Um dos trabalhos importantes realizados mundialmente nos últimos anos pelo anestesiologista foi durante a pandemia da Covid-19, na entubação dos pacientes.
A importância da relação médico anestesiologista e o paciente
O sucesso do procedimento cirúrgico depende muito da relação entre o médico anestesiologista, médico cirurgião e o paciente. É fundamental que no pré-operatório todas as informações sobre o estado de saúde sejam mencionadas para o cirurgião e também para o anestesiologista.
Durante a consulta pré-anestésica o paciente precisa levar todos os exames que foram solicitados pelo cirurgião, onde o anestesiologista irá revisá-los e questionará sobre alergias, se a pessoa já passou por algum procedimento anestésico e cirúrgico anteriormente, e se possui algum tipo de vício.
Doutor Jean conta que uma forma de contribuir é que o paciente leve todas as medicações que utiliza de forma contínua anotadas em uma folha, pois no momento da consulta, por estar um pouco ansioso, o mesmo pode esquecer alguma informação relevante.
Antes de finalizar o atendimento, o médico anestesiologista vai explicar como todo o procedimento anestésico vai acontecer no dia da cirurgia, além de passar todas as informações sobre o jejum necessário, que é um fator extremamente importante para segurança e êxito da cirurgia.
É necessário que o paciente siga a risca tudo o que foi recomendado pelo anestesiologista. Ainda, na consulta pré-anestésica, podem ser prescritas medicações para antes da cirurgia, um exemplo, são os ansiolíticos antes de entrar no centro cirúrgico. O objetivo é que paciente chegue “mais calmo” para o procedimento. Também é solicitada a retirada da maquiagem e esmaltes escuros, pois podem interferir na medição dos monitores que controlam os sinais vitais.
Além das orientações pré-operatórias que são informadas ao paciente, as pós-operatórias também são, tanto pelo cirurgião, quanto pelo anestesiologista. Se a pessoa sentir algum sinal de complicação ou piora, os dois profissionais responsáveis pelo procedimento devem ser comunicados o mais breve possível. Doutor Jean conta que complicações são raras e de fácil tratamento, principalmente quando o médico consegue agir de forma precoce. “É importante desmitificar que quando o paciente recebe a raquianestesia não pode usar travesseiro no pós-operatório imediato. Isso é mito e não aumenta a chance de ter dor de cabeça”, diz.
Quando o paciente precisar passar por algum procedimento que tenha sedação ou anestesia, é fundamental que procure o anestesiologista. Ele é o profissional especialista e habilitado para auxiliar da melhor forma possível.