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Medicina

Dor na relação íntima: o que está por trás desse desconforto e como tratar?

Entrevista com Marieli Graciano, fisioterapeuta pélvica da clínica Inticlin, explica as causas, o impacto e as possibilidades de tratamento para mulheres que sofrem com dores durante a relação sexual.

Tubarão-SC, 24/10/2025 21h10 | Por: Jornalista Francine Germano de Andrade | Fonte: fisioterapeuta pélvica Marieli Graciano
Marieli Graciano, referência em fisioterapia pélvica, orienta sobre os cuidados e tratamentos que devolvem o conforto e o prazer à vida íntima feminina.

A dor durante a relação íntima — chamada de dispareunia — é uma queixa mais comum do que se imagina. Muitas mulheres convivem com o desconforto em silêncio, acreditando que é “normal” sentir dor, quando, na verdade, esse sintoma pode indicar alterações musculares, hormonais ou emocionais que merecem atenção e tratamento especializado.

Quem explica é Marieli Graciano, fisioterapeuta pélvica da clínica Inticlin, que há mais de 25 anos atua na reabilitação íntima feminina. Em entrevista ao Portal Viva Mais SC, ela destaca que a dor não deve ser ignorada — e que existem caminhos seguros e eficazes para recuperar o prazer e a qualidade de vida.

O que causa a dor na relação íntima

Segundo Marieli, as causas são variadas, mas quase sempre envolvem fatores musculares e hormonais. “A intimidade dolorosa muitas vezes vai desligando aos poucos a vontade. A mulher passa a sentir medo, ansiedade e evita o contato por antecipar a dor. Um dos principais fatores é a falta de mobilidade do quadril e da pelve, região onde se concentram músculos e nervos fundamentais para a função íntima”, explica.

A fisioterapeuta ressalta que o assoalho pélvico — conjunto de músculos que sustentam a bexiga, o útero e o reto — precisa estar saudável. Quando há tensão ou rigidez, a musculatura pode agir “como se tivesse um torcicolo”, gerando dor, ardência e desconforto.

Além disso, condições clínicas como menopausa, endometriose, cirurgias pélvicas, parto, retirada do útero e até o envelhecimento natural podem contribuir para o problema. “Esses fatores alteram a lubrificação e a sensibilidade, tornando o ato sexual doloroso”, reforça.

Como identificar a dor íntima

A dor pode aparecer em diferentes momentos e intensidades. “Algumas mulheres sentem dor logo no início, na penetração, como se fosse uma queimação ou ardência. Outras relatam dor mais profunda, no fundo do canal vaginal, como se houvesse algo ‘espetando’ lá dentro”, descreve Marieli.

A falta de lubrificação é outro fator importante. “Quando não há deslizamento adequado, o atrito aumenta, e o desconforto pode ser tão intenso que impossibilita a relação”, completa.

Técnicas e tratamentos disponíveis

A boa notícia é que existe tratamento — e ele deve ser personalizado. A fisioterapia pélvica atua tanto na recuperação da função muscular quanto na reconexão da mulher com o próprio corpo.

“Trabalhamos a hidratação dos tecidos, a mobilidade do quadril e da pelve, e o autoconhecimento da região íntima. É fundamental que a mulher entenda onde está essa musculatura e como ela funciona”, destaca a fisioterapeuta.

Entre as técnicas utilizadas estão:

  • Eletroestimulação e neuromodulação sexual;
  • Massagem e liberação miofacial da musculatura íntima;
  • Terapias com calor e laser, que aumentam o fluxo sanguíneo e relaxam o tecido.

“Sou adepta da fisioterapia pélvica raiz, mas também valorizo a tecnologia. Há muitos recursos modernos que melhoram o prazer sem vulgaridade — apenas devolvendo o bom funcionamento da região íntima”, afirma Marieli.

Dor íntima após o câncer: é possível recuperar o prazer

Mulheres que enfrentaram tratamentos oncológicos também podem apresentar dor íntima.

“O câncer de colo de útero, por exemplo, pode exigir cirurgias, radioterapia ou braquiterapia, que causam ressecamento e até estreitamento do canal vaginal. Isso torna a relação dolorosa. Mas com tratamento adequado, é possível recuperar o conforto e a vida sexual saudável”, explica.

O mesmo vale para o câncer de mama, cujos medicamentos hormonais podem provocar ressecamento e perda de lubrificação. “Essas mulheres precisam de um cuidado multiprofissional, envolvendo fisioterapia, ginecologia, nutrição e psicologia”, orienta.

Tratamento em equipe e olhar integral

Para Marieli, o tratamento eficaz depende de uma abordagem integrada.

“A dor precisa ser bloqueada, porque dor gera dor. Às vezes, há também constipação, problemas urinários, questões hormonais ou emocionais envolvidas. Por isso, trabalhamos em conjunto com urologistas, ginecologistas, psicólogos e endocrinologistas”, explica.

Ela reforça que o fisioterapeuta pélvico tem um papel essencial na avaliação global da paciente, identificando se há necessidade de suporte nutricional, ajustes hormonais ou acompanhamento psicológico.

“A mulher não tem culpa de sentir dor, mas tem responsabilidade em buscar ajuda”

Marieli encerra com um recado que reflete sua experiência e empatia:

“A mulher não tem culpa de sentir dor, mas pode ter culpa se não procurar ajuda. A sexualidade faz parte da nossa qualidade de vida. A Organização Mundial da Saúde reconhece a importância de cuidar da saúde sexual e do relacionamento. Então, procure ajuda — tem solução, existem técnicas e profissionais preparados para isso.”

Quer saber mais? Clique no link abaixo e assista à entrevista na íntegra realizada com a fisioterapeuta pélvica Marieli Graciano.

 

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