O tratamento da covid-19 não termina após a quarentena ou quando recebe a alta hospitalar. Depois da recuperação da doença, é necessário fazer uma avaliação e tratar possíveis sequelas. Muitas delas se desenvolvem silenciosamente, causando danos graves à saúde. Atualmente, os pacientes hospitalizados são os mais acometidos, mas também atinge pessoas que tiveram apenas sintomas leves ou foram assintomáticas. Tudo isso acontece devido a um processo inflamatório que o vírus causa no organismo e, dependendo da evolução do quadro clínico, alguns órgãos ficam prejudicados. Entre os mais atingidos, está o coração.

De acordo com o cardiologista doutor Maurício Pucineli Parada, de Tubarão, o problema mais frequente encontrado no coração é a miocardite. Uma doença que consiste na inflamação do tecido muscular do coração, que prejudica o seu funcionamento e compromete o bombeamento de sangue e nutrientes pelo corpo. Ela pode ser observada desde os pacientes assintomáticos até os casos mais graves. “Dependendo do grau que o miocárdio foi atingido, o dano cardíaco poderá ser menor ou maior, passando de casos sem sintomas e mais ‘benignos’, até casos mais graves, que podem cursar com insuficiência cardíaca severa e irreversível, até a morte súbita por arritmia ventricular complexa”, diz. O especialista ressalta que os pacientes que já têm doenças cardiovasculares subjacentes podem ter o aumento do risco de morte.

Outras doenças do coração, além da miocardite, que estão associadas à covid-19 são arritmias cardíacas das mais variadas, insuficiência cardíaca congestiva, trombose coronariana, levando ao infarto.

É importante destacar que todas as faixas etárias, de ambos os sexos, tiveram sequelas. Porém, com o passar dos dias, observa-se uma prevalência em homens jovens com casos mais graves da doença, sendo possível sofrer maior dano cardíaco.

Muitos casos de covid-19 não precisam de internação, sendo estes em que a suspeita diagnóstica de acometimento do miocárdio será mais difícil, pois o início de sua evolução costuma ser silenciosa ou pouco sintomática. Por isso, doutor Maurício recomenda, quando possível, realizar uma avaliação com o seu cardiologista, tão logo esteja liberado da quarentena ou da alta hospitalar, pois o diagnóstico precoce pode aumentar a chance do paciente se recuperar totalmente.

Quando os primeiros sinais e sintomas aparecem, como palpitações, dor no peito, falta de ar ou inchaço nas pernas, deve-se procurar um cardiologista para uma avaliação mais detalhada. Às vezes, o paciente precisa ser internado novamente.

Depois de ter o diagnóstico confirmado, o cardiologista indica o tratamento com a administração de medicamentos, que podem ser momentâneos ou, se necessário, torna-se de uso contínuo.