Especialista alerta sobre os cuidados redobrados devido a incompatibilidade entre mãe e filho.
Realizar o pré-natal é essencial para garantir que a mãe e o bebê tenham uma gestação e um parto saudáveis e sem nenhuma complicação. Esta atenção deve ser redobrada nos casos de mulheres com o fator Rh negativo e os pais Rh positivo. Isto se faz necessário por causa da incompatibilidade sanguínea que o filho pode ter com a mãe, se ele tiver o Rh do pai.
Segundo a ginecologista e obstetra doutora Graziela Gonçalves Porto, sempre que possível, a mulher deve realizar a consulta pré-concepcional, onde o médico solicitará alguns exames para avaliar o quadro clínico, incluindo o grupo sanguíneo e fator de Rh, mas também pedirá para a futura mamãe fazer os exames de sorologia, como hepatite, toxoplasmose, rubéola, HIV e sífilis. Quando a mulher apresenta alguma alteração, o médico entra com o tratamento necessário, garantindo uma gestação segura, tanto para mãe, quanto para o bebê.
Em casos onde a paciente tenha o Rh negativo, o ginecologista pedirá para a gestante realizar durante toda a gestação o exame coombs indireto para avaliar se a mãe desenvolveu anticorpos. Se já produziu, o médico realizará o controle através do ultrassom com doppler e analisará se o bebê tem alguma anemia. Caso tenha, pode necessitar de uma transfusão sanguínea fetal através do cordão umbilical enquanto a criança ainda está no útero da mulher.
Tudo isso pode ocorrer quando o sangue de um bebê com Rh positivo entra na corrente sanguínea da mãe que possui Rh negativo. Seu corpo vai reconhecer que o sangue Rh positivo não é dela e tentará destruí-lo, produzindo anticorpos.
Doutora Graziela explica que, em situações onde a mãe fez o acompanhamento gestacional, realizando o exame coombs indireto, e até a 28º semana não desenvolveu anticorpos, o ginecologista receitará uma injeção de imunoglobulina humana anti Rh, pois nesta fase o sangue da mãe pode vir a ter contato com o do bebê e o objetivo dessa medicação é evitar que a gestante desenvolva anticorpos. Este procedimento deve ser repetido após o nascimento da criança, em até 72 horas, pois durante o parto a chance do sangue do filho entrar na corrente sanguínea da mãe é maior e, com isso, a imunoglobulina vai impedir que a mulher continue sem produzir anticorpos e não afete uma gravidez futura.
Quando a mãe não realiza esse tratamento preventivo ou não faz o pré-natal e tem o Rh negativo, as consequências são muito graves e pode desencadear complicações na gravidez, tanto para mãe, quanto para o bebê. A ginecologista conta que entre as doenças que podem acometer a criança está a eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido. A causa está relacionada com a incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o bebê e, com isso, ocorre a destruição das hemácias (glóbulos vermelhos) causando anemia no feto. Essa anemia pode causar um edema no bebê, como no coração, no abdômen ou no cérebro. Quando o caso é mais grave, a criança pode nascer com um amarelão na pele e nos olhos e poderá ocorrer até o óbito fetal.
A recomendação que a doutora Graziela deixa para as mulheres é que, antes de engravidarem, façam uma avaliação pré-concepcional. Caso tenham engravidado sem planejamento, façam a consulta assim que descobrirem a gravidez. Desta forma, é possível analisar o quadro clínico, fazer as recomendações necessárias e os exames de sorologia, grupo sanguíneo e fator de Rh.